segunda-feira, julho 24, 2006

LOST in 5400 Seconds, Re-Enacted by Penguins

Não sei como tanta gente gostou de um filme ruim como A Marcha dos Pinguins.

Assim como o Discovery Channel aproveitou a tecnologia desenvolvida em Jurasic Park pra fazer uma série de TV em que os dinossauros fossem mostrados de maneira cientificamente correta, agora esse bando de franceses desocupados pegou uma forma de filmar inventada pelos excelentes documentaristas dos canais educativos pra narrar esta história de amor anônima, e portanto... fria.

O primeiro sinal de fuleiragem que eu senti no ar veio com as primeiras notas da trilha-sonora. Uma maldita francesa sussurrante fez as pérolas musicais que acompanham o filme, e logo fica claro que os produtores queriam Björk, mas ela não topou. A mulher abusa da estética de Björk, usando as percussões sísmicas e os acordes vikings que B inventou em Homogenic, e também as melodias em notas curtas que B aprendeu com os Matmos. Só que da maneira mais nojentamente açucarada e tecno-pop-mela-cueca possível. Lastimável.

Os pinguins imperadores pra mim são uma prova da ineficiência do processo de seleção natural e da inexistência de deus, graças à sua patética inépcia e ao absurdo doloroso que é o ritual de procriação dos infelizes. Se o amigo temente a papai-do-céu considera o acasalamento dos pinguins imperadores um milagres dos céus, por favor me inclua fora de suas preces.

Perder a virgindade aos 18 anos de idade, reclamando que não tem carro, que mainha quer que você volte cedo, que a vodca dentro do Downtown é muito cara, que as meninas não deixam você pegar naquele canto, que hoje eu tou sem camisinha, foi difícil? THINK AGAIN.

Inexplicavelmente, o Downtown dos pinguins é no lugar mais inóspito do planeta, um lugar de fazer o destemido Shackleton se mijar de medo, no meio da calota polar. Um lugar frio pra cacete e a várias léguas de distância do próximo sushi bar. E eles vão pra lá no seu passinho de quem está usando pés-de-pato. Fora isso tem as tempestades, e uma tal manobra que eles inventam com os ovos, por pura falta do que fazer, que na verdade não é a coisa mais difícil do mundo, mas que dá muita merda na mão desses incompetentes. Os pinguins não são lá as criaturas mais brilhantes do reino animal.

É tanta dificuldade e falta de tato, e tantos problemas aparecendo, que chega a parecer com LOST. Só que sem soluções, só bronca em cima de bronca.

Eu até queria rir, mas com Charles Aznavour narrando e a música da BiOrca, não deu. Eu só fiquei torcendo que alguém esquecesse de apertar o botão e a Antártica virasse um katamari magnético, poupando todos aqueles pinguins de sua lamentável existência.

Depois que acabou o filme, eu fui ver os extras e Débora perguntou "Hã? Tu quer...?" Eu disse "Eu quero... MEU DINHEIRO DE VOLTA!"

3 comentários:

MPadrão disse...

Se o filme fosse mudo, seria um dos melhores filmes mudos dos últimos tempos (tá certo que não tivemos muitos filmes mudos nos últimos tempos, mas não vamos nos apegar a detalhes). Mas a trilha e a narração cagacueca são de fuder o cu do palhaço mesmo.

Chico Lacerda disse...

:]

Popa disse...

Concordo em gênero e número igual.

O filme é muito bonito visualmente e SÓ! E vivam as orcas e as focas-leopardos, com seu magnífico trabalho de melhorar a genética da antártida.